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Qualquer mudança começa por dentro

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30 de julho de 2014.

 

Um mês antes do lançamento oficial de As Batidas Perdidas do Coração.

 

O dia em que decidi mudar minha vida.

 

Não, espera.

 

Não decidi hoje. Na verdade, já tem um tempinho.

 

Não foi do dia para a noite. Foi após muita reflexão e autoanálise.

 

Acredito que todo mundo que acompanha o blog ou meu perfil no Facebook sabe que minha sensibilidade é bastante elevada. Isso sempre foi um problema, porque qualquer coisa afetava meu emocional e em seguida meu físico e, por fim, minha saúde.

 

Em 2012, como uma das minhas irmãs iria se casar e eu estava morrendo de vergonha de ser madrinha dela, decidi fazer academia e dieta. Por uns oito ou nove meses, eu fiz tudo certinho e perdi 25 quilos.

 

A grande questão é que trabalhei o corpo e não a mente. E a mente, essa danadinha, sempre foi minha maior inimiga.

 

Tive um problema pessoal e, pronto, os 25 quilos retornaram com mais alguns amiguinhos.

 

Esse problema me levou ao fundo do poço e, sendo sincera, eu não via como sair, mas uma vez alguém me disse que ao chegarmos ao fundo do poço só há uma alternativa: bater com os dois pés no fundo e subir com tudo.

 

Não vou mentir, eu não subi com tudo. Eu sequer terminei de subir, mas tenho me agarrado às paredes e aos buracos que encontro nas pedras e subido aos pouquinhos.

 

Uma pessoa que eu amo me disse que eu precisava me encontrar. Eu já estava tentando quando ouvi isso, mas foi o suficiente para me fazer deixar de tentar e agir.

 

Essa busca por mim fez com que eu me aceitasse gordinha. Me acho bonita, acreditem. E demorou MUITO para que eu me achasse bonita. Aos meus olhos, mesmo quando estive magra, eu sempre fui feia.

 

Cuidei da miopia da minha mente e passei a me ver como sou. Sou gordinha, sim, mas sou bonita.

Contudo, ainda havia uma questão que me incomodava: E daí que eu me via bonita? Eu ainda não havia me encontrado. Minha mente pode estar usando lentes de contato agora, mas ainda está um caos.

 

Estou vivendo o melhor momento da minha vida. Meu livro sairá por uma grande editora. Tudo deveria estar lindo.

Mas estou vivendo o pior momento da minha vida também e…

 

Enfim, eu precisava equilibrar as coisas. Precisava me focar no que realmente importa, na parte boa e deixar a parte ruim se perder no tempo, para que eu pudesse ser feliz de verdade.

 

Bom, vamos ao básico: eu tenho depressão. Eu não quis. Eu não procurei. Eu tenho. Ter não é o problema. O problema é como eu lidava com ela. Sempre optei por me esconder e isso só piorava tudo.

 

Há poucos meses as reviravoltas da vida me fizeram gritar por socorro e busquei terapia.

 

Um dia, quando eu disse à minha terapeuta que eu não sabia o que fazer, ela disse: “Por que você não entra para o Mahamudra?”

 

Eu já conhecia esse treinamento por causa do Jonas Sulzbach. Quem acompanha o blog sabe que inspirei o Bernardo, personagem de As Batidas Perdidas do Coração e protagonista do próximo livro nele.

 

O que me chamou atenção no Mahamudra (ainda falarei mais dessa filosofia de vida e treinamento por aqui) é que são trabalhados três pilares: corpo, mente e espírito.

 

É um treinamento muito pesado. Não vou mentir ou esconder, não. Basta correr lá na página e ver os vídeos.

 

Já no aquecimento eu quis chorar, correr para casa e me enfiar na cama.

 

Mas eu não fiz isso. Eu fiquei lá e enfrentei todos os meus medos e minha vergonha por ser a pessoa com mais sobrepeso de todos que treinavam.

 

Durante o próprio treinamento, vi que eu estava sendo idiota. Não tinha que ter vergonha de nada. Eu estava ali, carregando duas de mim e mesmo assim, estava resistindo.

 

Mesmo sentindo meus limites querendo me impedir, eu continuei. E me surpreendi quando minha mente brigou com meu corpo e disse que sim eu voltaria para o próximo treino e não desistiria.

 

Eu já tentei treinar em academia algumas vezes, mas nada se compara ao Mahamudra.

 

Nada se compara ao que eu senti com todos lá.

 

Nada se compara à energia positiva que envolve o grupo, que acaba se tornando uma família.

 

Aos pouquinhos falarei mais para vocês.

 

Curiosamente, em no próximo livro a protagonista decide treinar, não apenas pela estética, mas por que ela está perdida e precisa se encontrar.

 

Não, o livro não é uma biografia, longe disso. Minha vida é que resolveu imitar (bem depois) parte do que escrevi naquele livro.

 

Não soltarei spoilers da história e com o tempo todos vocês poderão lê-la. Mas há um trecho em que Clara pensa:

 

“Nunca pensei que minha vida pudesse mudar e, mais, nunca me imaginei querendo que mudasse. Estava estagnada e com uma falsa ilusão de segurança. Eu tinha meus filhos e era o que bastava. Vivia uma realidade paralela à minha verdade. Era mais fácil me esconder e não digo que ainda não faço isso, porque sei que faço. (…) Viver ainda me assusta, mas sinto um comichão correr pelo meu corpo e tenho quase certeza de que é algo que foi quebrado em mim e que agora está se refazendo duas vezes mais forte.”

 

É… Talvez Clara seja a personagem mais parecida comigo que vocês vão conhecer.

 

Você pode estar lendo a postagem e se perguntando por que estou contando tudo isso e se não tenho medo do julgamento alheio?

 

Não tenho. Parte da mudança que venho fazendo envolve não ligar para o que pensam de mim.

 

Só que eu sei que não estou sozinha. Sei que há pessoas que se sentem como eu, que pensam que ninguém entende sua dor e que não há como sair dela.

 

Então, esse texto é para vocês.

 

Há como sair. Não é fácil e não será sem dor, mas se eu tive coragem, qualquer um pode ter.

 

Sou grata por tudo o que tenho, até pelo que perdi, que talvez eu recupere um dia… Ou não. Isso o tempo dirá.

 

Tudo tem ajudado para que eu me transforme em alguém melhor e me torne cada vez mais forte.


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